sábado, 21 de maio de 2011

Release

Seria possível um momento na contemporaneidade em que a música soasse livre a ponto de transpor todo e qualquer rótulo?
Embriagar-se do passado, viver o presente e enxergar o próximo passo com o olhar de uma criança?
Reconquistar o gosto da surpresa, o sabor da descoberta e se encantar com o novo?
É nessa atmosfera que a Banda Pó de Ser desenvolve um trabalho, a partir de temas do cotidiano das grandes cidades, descrevendo-o de uma forma irônica e bem-humorada. Entretanto, afirmar que este trabalho limita-se ao retrato urbano, seria um tanto reducionista à proposta Pó de Ser.
Irreverentes, ousados e também imbuídos de uma tradicionalidade peculiar, a banda recria ritmos populares e imprime uma estética delineada pelas raízes interioranas. O Homem na Cidade, a Cidade no Homem, a Cidade do Homem. É percebendo a dualidade de viver no centro e ao mesmo tempo, no interior do país: um “bicho urbano rural”, que o olhar observador se apresenta sem intimidar o sujeito que relata suas próprias experiências. Trata-se do sentimento de goianidade, nos seus aspectos exteriores e interiores. Seja por uma sedução à urbanidade, ou por uma saudade daquela calmaria do campo. É o desenho de limites territoriais transversados na configuração de uma geografia humana cultural cosmopolitana. Essa geografia humana cultural está representada desde a formação da banda. A mistura da história de seus componentes, suas trajetórias e anseios permite que a banda converse com a cena atual da nova música popular brasileira e com o público mais heterogêneo possível.
Uma trama construída por composições próprias costurada por instrumentos como baixo, teclado e flauta, sustentada por uma percussão que traz pandeiro, caixa prato, alfaia, djembê e instrumentos de efeitos, além daqueles criados a partir do lixo reciclável, como lata de tinta, bomba de plastico, chimbau de eletrocalha, ganzá de lata de cerveja e outros. O resultado, sem dúvida é surpreendente! Pequenas epopeias que convidam crianças, jovens, adultos, idosos a uma viagem musical que parte do estranhamento à identificação. O palco é um espaço livre. A palavra é diversão. O ridículo é verdadeiro. E o sentimento é o humano. Esta é a Banda Pó de Ser.

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